Construindo Aprendizagens no Ciberespaço

Aprender a Inovar: Desafios e Possibilidades

domingo, abril 25, 2010

 

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Lendo tantos posts sobre Inovação e Tecnologia, não pude deixar de ficar meio inquieta. Sempre quando falo ou escuto muito esse tema, recordo insistentemente alguns mitos. Alguns pontos que vou colocar aqui têm fundamentos acadêmicos, reflexões que surgiram durante o mestrado, e até mesmo na banca de defesa. Outros surgiram de observações do cotidiano escolar, observações do trabalho, da vida.

O primeiro ponto que recordo, e que chamarei de Primeiro Mito, refere-se ao fato de muitos educadores que atuam com a tecnologia, em seus relatos, muitas vezes passam a idéia de serem “Inovadores” simplesmente pelo fato de “usarem” a tecnologia.

No vídeo abaixo, muito popular e conhecido, temos um exemplo clássico de como a tecnologia pode ser agregada ao espaço das salas de aula sem nenhuma inovação. Nesse contexto temos apenas a substituição das ferramentas tradicionais pelos recursos tecnológicos de última geração.

Aqui ficam alguns pontos importantes para reflexão: Como são usados esses recursos em sua escola?; Como o projetor multimídia (data-show) vem sendo usado em sua escola? Substituindo lápis e papel? Em leituras de slides em aulas expositivas?; Como o laboratório de informática de sua escola vem sendo utilizado? Para pesquisas?; Você usa o Blog em sua escola para publicar as produções de seus alunos?

Em todos esses exemplos a tecnologia foi utilizada. Mas onde está a Inovação (Em metodologia, em pedagogia, em avaliação…)?

 

 

O Segundo Mito, não menos importante, é bem semelhante, mas apresenta a idéia de que o Educador, só é Inovador, se fizer uso da Tecnologia.

Mito também muito comum, que coloca em evidência um erro também comum no foco da prática pedagógica, que se afasta dos princípios de ensino e de aprendizagem, e prioriza os instrumentos utilizados. Possivelmente essa percepção errônea leve à práticas como apresentadas no vídeo.

Com essa percepção, onde estariam enquadrados os professores que adotam a pedagogia de projetos? Os que desenvolvem trabalhos com fundamentação e prática interdisciplinar/transdisciplinar? Os que desbravam na área da ecopedagogia? E optam por não usar recursos tecnológicos – por não saber, ou por não querer usar.

Em todos esses exemplos a Inovação esteve presente. Mas onde está a Tecnologia (Informática, digital, software, hardware…)?

O Terceiro Mito, já mais específico quanto aos recursos que utilizamos em sala de aula, apresenta a idéia de que para ser Inovador, temos que estar sempre utilizando os últimos lançamentos tecnológicos em nossas escolas.

É fato que se usamos tecnologia, e se esse é o diferencial do nosso trabalho, teremos uma tendência natural em querer estar sempre bem informados, testar – sempre que possível – os novos lançamentos em gadgets, hardware, software e plataformas web.

Mas será que nosso simples laboratório, da mais remota edição do Proinfo, não pode render uma fascinante viagem no mundo da inovação?

Aos mais perplexos afirmo que dá. Aos mais incrédulos demonstro como! Imagine a maravilha de trabalho onde um professor simplesmente pede para que seus pequenos alunos, que se iniciam no mundo das palavras, criem um livro de histórias, ilustrado com seus próprios desenhos? Material necessário: um microcomputador, com “Megas” suficientes para editar um texto e fazer alguns desenhos no paint... E se o aluno tiver algum problema físico/motor? Ora, então vamos desenhar com giz de cera e scanear com aquele exemplar de scaner, “ex-topo de linha”, que agora serve para… bem… para…, ué, vocês sabem. Em toda escola temos scaners, impressoras, monitores sem uso… em algum lugar… esquecidos.

Antes que eu entre já noutro tema para post futuro (O lixo eletrônico nas escolas), ou crie aqui a categoria do ‘professor paleontólogo da tecnologia’, vou logo afirmando que alguns desses aparelhos, esteticamente ultrapassados, obsoletos, mas ainda em atividade, podem render atividades bem inovadoras, onde o aluno se transforma num autor – ao estudar as letras; num pintor – ao estudar as formas figuras e cores; num cientista – ao criar fenômenos e simulações,… Ufa! Dá sim. Juro que dá!
Bem, depois de falar desses três mitos, que me recordo sempre que debato sobre Inovação, vou entrando no cerne das minhas inquietações. Já falei anteriormente que tenho um pouco de medo da idéia de “receita de inovação”. Sempre tive a idéia de que um bom profissional inova, quando agrega sua criatividade ao processo de trabalho.
Nos vários debates que já tive sobre esse tema, em outras oportunidades, sempre usei a analogia de um Educador Inovador com a idéia de um escultor. Fazendo a relação com os três mitos referenciados anteriormente fica uma idéia mais clara, mais translúcida.

Imagine que o barro toma forma sob as mãos de um mestre escultor, que imprime sua prática e experiência às suas ideias, moldando o elemento desejado até assumir seu contorno ideal.

Em nossa prática, o barro é o recurso. A máquina. Que sem vida, se submete aos nossos desejos, sonhos e vontades. Quanto maiores nossos desejos, sonhos e vontades, tanto maior será o resultado obtido potencializado pelos recursos tecnológicos. Se quero meu aluno criando seu próprio livro de histórias ilustrado, como autor, um “pequeno escritor”, maravilha! Eis uma atividade inovadora. Muito mais pela forma de atuação do aluno que pelo uso do computador.

Se ao usar o computador esse processo se tornará mais viável, sustentável e praticável, permitindo o arquivamento de todas as etapas em sequência de evolução (cópias das várias etapas), auxiliando o processo avaliativo formativo, permitindo a criação de uma midiateca com as produções em e-book, permitindo a produção de um e-book para publicação online, graças ao uso da tecnologia, eis uma atividade inovadora utilizando a tecnologia.

Se uma imagem vale mais que mil palavras… imagine um vídeo?

 

 

Bem, acredito que esse meu post vai nos fazer pensar como é importante definir nossa prática pedagógica ao passo que tentamos definir a forma como iremos usar a tecnologia em nosso trabalho. A Inovação pode estar naquilo que queremos para o nosso aluno, e não nos aparelhos usados.

Possivelmente esses pontos que destaquei possam gerar tantos outros, em diversos gradientes pelas múltiplas realidades que já falei no post anterior. 

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